Existem três tipos de testes nucleares: Atmosférico, Subterrâneo e Subaquático. O atmosférico é o mais perigoso, pois a poeira radioativa se espalha devido à uma série de fatores. Até mesmo quando o teste é realizado fora da atmosfera da terra, ainda apresenta alto risco. O subterrâneo é o mais viável, pois reduz riscos de contaminação por nuvens radiotivas. O subaquático não é recomendável devido ao impacto causado e ao número de seres marinhos mortos e contaminados.
O primeiro teste atômica foi realizado em 1945. A arma teve uma potência aproximadamente equivalente a 20 KTONS. A primeira bomba de hidrogênio, de nome Ivy Mike, foi testada no Atol Enewetak, nas Ilhas Marshall em 1952, também pelos Estados Unidos. A maior arma nuclear já testada foi a Czar Bomba da URSS, em Nova Zembla, com uma potência estimada de 50 MTON.
Nos Estados Unidos, os testes nucleares com os piores efeitos em termos de contaminação foram realizados no estado de Nevada (população de 799 mil pessoas) e no Atol Bikini (ilhas Marshall); na Rússia, eles ocorreram no Polígono Semipalatinskij (população de 803 mil pessoas em territórios adjacentes) e na Novaja Zemlia. Outros países a realizar testes nucleares, em menor escala, foram França e China (Pivovarov & Mikhalov 2004).
Em 1963, todos os países com força bélica nucleares e vários sem nenhum tipo de arma nuclear assinaram o TIPEN (Tradado de interdição parcial dos ensaios nucleares), comprometendo-se a não testarem armas nucleares na atmosfera, debaixo de água, ou no espaço exterior, porém o tratado permitia testes subterrâneos. A França continuou os seus testes atmosféricos até 1974. O último teste subterrâneo por parte dos Estados Unidos foi em 1992, por parte da URSS em 1990, UK em 1991, e França e China até 1996. Após adotarem o TICEN (Tratado de interdição completa dos ensaios nucleares) em 1996, todos estes estados se comprometeram a descontinuar todos os ensaios nucleares. A Índia e o Paquistão, ambos não-signatários, realizaram os últimos testes nucleares em 1998
De acordo com dados do governo americano de fins da década de 80, encontravam-se armazenados (apenas nos Estados Unidos), em tanques especiais de aço, entre 300 e 400 milhões de litros de resíduos radioativos. O ecologista brasileiro Júlio José Chiavenato afirma que "1% desse lixo atômico é mais poderoso do que todas as emissões liberadas pelas bombas atômicas detonadas até hoje". Todo esse lixo atômico precisa ser guardado por pelo menos mil anos, e os tanques precisam ser substituídos a cada vinte anos por razões de segurança. De acordo com Chiavenato, qualquer animal vivo hoje na Terra tem traços de estrôncio-90 (ST-90) nos ossos, um composto resultante dos processos de industrialização nuclear.
PRINCIPAIS ACIDENTES NUCLEARES:
Em 1957, escapa radioatividade de uma usina inglesa situada na cidade de Liverpool. Somente em 1983 o governo britânico admitiria que pelo menos 39 pessoas morreram de câncer, em decorrência da radioatividade liberada no acidente. Documentos secretos recentemente divulgados indicam que pelo menos quatro acidentes nucleares ocorreram no Reino Unido em fins da década de 50.
Em setembro de 1957, um vazamento de radioatividade na usina russa de Tcheliabinski contamina 270 mil pessoas.
Em dezembro de 1957, o superaquecimento de um tanque para resíduos nucleares causa uma explosão que libera compostos radioativos numa área de 23 mil km2. Mais de 30 pequenas comunidades, numa área de 1.200 km², foram riscadas do mapa da antiga União Soviética e 17.200 pessoas foram evacuadas. Um relatório de 1992 informava que 8.015 pessoas já haviam morrido até aquele ano em decorrência dos efeitos do acidente.
Em janeiro de 1961, três operadores de um reator experimental nos Estados Unidos morrem devido à alta radiação.
Em outubro de 1966, o mau funcionamento do sistema de refrigeração de uma usina de Detroit causa o derretimento parcial do núcleo do reator.
Em janeiro de 1969, o mau funcionamento do refrigerante utilizado num reator experimental na Suíça, inunda de radioatividade a caverna subterrânea em que este se encontrava. A caverna foi lacrada.
Em março de 1975, um incêndio atinge uma usina nuclear americana do Alabama, queimando os controles elétricos e fazendo baixar o volume de água de resfriamento do reator a níveis perigosos.
Em março de 1979, a usina americana de Three Mile Island, na Pensilvânia, é palco do pior acidente nuclear registrado até então, quando a perda de refrigerante fez parte do núcleo do reator derreter.
Em abril de 1986 ocorre o maior acidente nuclear da história (até agora), quando explode um dos quatro reatores da usina nuclear soviética de Chernobyl, lançando na atmosfera uma nuvem radioativa de cem milhões de curies (nível de radiação 6 milhões de vezes maior do que o que escapara da usina de Three Mile Island), cobrindo todo o centro-sul da Europa. Metade das substâncias radioativas voláteis que existiam no núcleo do reator foram lançadas na atmosfera (principalmente iodo e césio). A Ucrânia, a Bielorússia e o oeste da Rússia foram atingidas por uma precipitação radioativa de mais de 50 toneladas. As autoridades informaram na época que 31 pessoas morreram, 200 ficaram feridas e 135 mil habitantes próximos à usina tiveram de abandonar suas casas. Esses números se mostrariam depois absurdamente distantes da realidade, como se verá mais adiante.
Em setembro de 1987, a violação de uma cápsula de césio-137 por sucateiros da cidade de Goiânia, no Brasil, mata quatro pessoas e contamina 249. Três outras pessoas morreriam mais tarde de doenças degenerativas relacionadas à radiação.
Em junho de 1996 acontece um vazamento de material radioativo de uma central nuclear de Córdoba, Argentina, que contamina o sistema de água potável da usina.
Em dezembro de 1996, o jornal San Francisco Examiner informa que uma quantidade não especificada de plutônio havia vazado de ogivas nucleares a bordo de um submarino russo, acidentado no Oceano Atlântico em 1986. O submarino estava carregado com 32 ogivas quando afundou.
Em março de 1997, uma explosão numa usina de processamento de combustível nuclear na cidade de Tokai, Japão, contamina 35 empregados com radioatividade.
Em maio de 1997, uma explosão num depósito da Unidade de Processamento de Plutônio da Reserva Nuclear Hanford, nos Estados Unidos, libera radioatividade na atmosfera (a bomba jogada sobre a cidade de Nagasaki na Segunda Guerra mundial foi construída com o plutônio produzido em Hanford).
Em julho de 1997, o reator nuclear de Angra 1, no Brasil, é desligado por defeito numa válvula. Segundo o físico Luiz Pinguelli Rosa, foi "um problema semelhante ao ocorrido na usina de Three Mile Island", nos Estados Unidos, em 1979. Em outubro do mesmo ano, o físico Luiz Pinguelli adverte que estava ocorrendo vazamento na usina de Angra 1, em razão de falhas nas varetas de combustível. Na época ele declarou: "Está ocorrendo vazamento há muito tempo. O nível de radioatividade atual é progressivo e está crítico.".
Vamos observar algumas outras particularidades e conseqüências relacionadas aos dois acidentes mais graves registrados até hoje, os das usinas nucleares de Three Mile Island e de Chernobyl:
Uma testemunha que morava numa cidade próxima à usina de Three Mile Island relatou dessa forma a situação logo após a confirmação do acidente "As famílias estavam sendo reunidas desesperadamente e as ruas estavam uma loucura. Houve acidentes em frente à escola. Pais histéricos vinham apanhar as crianças no colégio, trombando uns com os outros, atravessando sinais vermelhos, numa situação de pânico geral."
Estudantes que faziam a medida do nível de radiação com contador Geiger nessa escola encontraram leituras de 250 dentro do estabelecimento e de 350 do lado de fora do prédio. A leitura normal seria de 50. Totalmente em pânico, as pessoas começaram a sentir um gosto metálico na boca e algumas também um formigamento na pele...
Nos meses que se seguiram ao acidente, alguns fazendeiros da região notaram que seus animais estavam adoecendo, morrendo ou apresentando um comportamento estranho. Um fazendeiro que havia perdido parte de seu gado devido à radiação, notou que suas porcas ficaram no cio durante todo o inverno. Ele também percebeu que as árvores morreram ou tiveram suas folhas escurecidas muito antes do outono. Um outro fazendeiro observou que algumas árvores ficaram totalmente desfolhadas, e que os frutos de duas pereiras, apesar de não terem caído, estavam deformados.
Numa fazenda vizinha, o proprietário contou que todas as suas 125 galinhas haviam morrido depois de terem apresentado grandes dificuldades para respirar. Todas as suas quatro crias de coelhos nasceram mortas no ano seguinte ao acidente.
Muitos moradores da Pensilvânia apresentaram posteriormente vários problemas psicológicos. A esse respeito, o doutor Michael Gluck, clínico geral numa cidade próxima à usina, disse: "O efeito mais devastador que vi nesta área foi uma grave depressão psicológica".
Em Chernobyl, depois do acidente, foram mobilizadas aproximadamente dois milhões de pessoas no processo de limpeza de toda a região atingida. Em abril de 1992, um comunicado oficial do governo estimava que o número de mortes naquele grupo, devido à radiação, situava-se entre 7 mil e 10 mil. Três anos depois, em abril de 1995, o Ministério da Saúde ucraniano informava que mais de 125 mil pessoas haviam morrido entre 1988 e 1994, vítimas da radiação. Segundo o ministrou Andrei Serdiuk, "A radiação repercutiu na piora generalizada da situação demográfica e do estado de saúde da população da Ucrânia; aumentaram as doenças no sangue, no sistema nervoso, nos órgãos digestivos e respiratórios”. Em 1996, a estimativa de mortes em razão do acidente, elaborada em conjunto pela Ucrânia e a Bielorússia, já fora ajustada para 300 mil… O número total de pessoas contaminadas seria de cinco milhões, e a área inutilizada pela radiação era de cerca de 140 mil km², equivalente a um Portugal e meio. Um trabalho científico publicado na revista Nature, em 1995, informava que os índices de câncer de tireóide em crianças ucranianas haviam quintuplicado de uma maneira geral, e naqueles que moravam mais próximos de Chernobyl esse índice era 30 vezes maior. Dois anos depois, a OMS informava que o índice dessa mesma doença entre as crianças era, na verdade, cem vezes superior ao nível de antes da tragédia. De acordo com a Organização, a radioatividade desprendida no acidente foi 200 vezes superior à liberada pelas bombas de Hiroshima e Nagasaki juntas. Em julho de 1995, durante uma reunião da Sociedade para o Estudo da Evolução, em Montreal, o cientista Robert Baker apresentou surpreendentes indícios de que o arganaz (espécie de ratinho silvestre da região atingida) estava passando por uma evolução extremamente rápida. Segundo o cientista, o índice de evolução em algumas espécies animais desde o acidente era maior do que o ocorrido normalmente em 10 milhões de anos. Exames demonstraram que os ratos de Chernobyl apresentavam várias rupturas em seus fios de DNA. Segundo o Dr. Baker, o organismo do animal estava tentando reconstruir o DNA, mas essa restauração imprecisa pode provocar mutação dos genes, que são transmitidos às novas gerações de células. Algumas mutações tornam a divisão celular descontrolada e o resultado é o câncer. Já as mutações ocorridas nas células dos óvulos e dos espermatozóides podem ser repassadas aos descendentes dos animais; em alguns casos os resultados são defeitos congênitos que podem apressar a morte dos descendentes. De acordo com o geneticista ucraniano Vyacheslav Konovalov, em algumas regiões próximas a Chernobyl até 80% de todos os animais nascem monstros mutantes, como potros de oito patas e bezerros com duas cabeças. Todos esses efeitos danosos são o que a ciência conseguiu descobrir até agora, após o acidente de Chernobyl. Pode-se apenas especular o que adviria de um acidente nuclear ainda mais grave, ou das explosões de algumas bombas de hidrogênio na atmosfera. Ainda em julho de 1995, um relatório da CIA americana mostrou que em dez reatores ativos na Eslováquia, Lituânia, Rússia, Bulgária e Ucrânia, haviam "grande probabilidade de ocorrer desastres nas dimensões do de Chernobyl". Na própria usina de Chernobyl foram detectadas 260 fissuras no sistema de resfriamento de um dos reatores em outubro de 1997; um porta-voz disse que "as rachaduras foram descobertas a tempo de evitar vazamento de radioatividade" A OMS estima em 200 milhões de dólares o total de recursos necessários para se continuar investigando as conseqüências do acidente nuclear de Chernobyl nos próximos 15 anos… Enquanto médicos e cientistas vão descobrindo mais efeitos danosos de Chernobyl, outros acidentes nucleares, de "menor monta", continuam a ocorrer em todo o planeta, ao mesmo tempo em que vêm à tona agora também notícias de acidentes até então desconhecidos. Em abril de 1995, uma usina nuclear perto de Bombaim (Índia) deixou vazar água radioativa. A notícia do acidente só foi divulgada em julho. Em outubro daquele ano, um jornal de Tóquio divulgou a notícia de um acidente com um submarino nuclear chinês, que afundara em 1983, próximo de Vladivostok, na Rússia; o acidente causou a contaminação da região e foi mantido como segredo militar pela ex-União Soviética e pelo atual comando da frota russa. Em dezembro de 1995, no Japão, vazaram cerca de duas toneladas de sódio líquido do sistema de refrigeração do "super-reator nuclear" da usina de Monju. Os especialistas haviam escolhido esse tipo de reator porque o uso de sódio no lugar de água para refrigeração tornava mínimo o risco de vazamentos, por diminuir os fatores de corrosão… Também em dezembro, cientistas japoneses descobriram, na neve da Antártida, uma concentração de radioatividade 500 vezes superior à normal, à qual atribuíram os testes nucleares americanos realizados na atmosfera em 1963; segundo esses cientistas, "ficou comprovado que as provas nucleares afetam qualquer parte do globo, independentemente de onde tenham sido realizadas".
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